domingo, 12 de setembro de 2010

Tempo...


Há tempos em nossa vida que contam de forma diferente.
Há semanas que duraram anos, como há anos que não contaram um dia.
Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do calendário mostrar que eles ficaram por anos em nossas agendas.
Há amores não realizados que deixaram olhares de meses e beijos não dados que até hoje esperam o desfecho.
Há trabalhos que nos tomaram décadas de nosso tempo na terra, mas que nossa memória insiste em contá-los como semanas.
Há casamentos que, ao olhar para trás, mal preenchem os feriados das folhinhas.
Há tristezas que nos paralisaram por meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal guardamos lembranças de horas.
Há eventos que marcaram e que duram para sempre, o nascimento do filho, a morte do pai, a viagem inesquecível, um sonho realizado. Estes têm a duração que nos ensina o significado da palavra "eternidade".
Já viajei para a mesma cidade uma centena de vezes e na maioria das vezes o tempo transcorrido foi o mesmo.
Mas conforme meu espírito, houve viagem que não teve fim, como há percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz eu estava na ocasião.
O relógio do coração - hoje eu descubro - bate noutra freqüência daquele que carrego no pulso.
Marca um tempo diferente, de emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da gente.
Por este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que temos no mundo.
É olhar as rugas e não perceber a maturidade.
É pensar antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as lembranças da vida.
Pense nisso.
E consulte sempre o relógio do coração:
Ele te mostrará o verdadeiro tempo do mundo.

4 comentários:

  1. este texto parece se remeter sempre ao passado, mas e o tempo como processo de vir a ser? ou dito de outra forma, o que é o tempo quando olho para o futuro?, p.ex. 'sou isto e quero me tornar aquilo', para isso preciso de tempo! em quê este reloginho do coração me ajuda?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. a exigência de 'mais' nasce no exato momento em que a satisfação se completa. O desejo de mais! um mais que está sempre no futuro. De algum modo esta equação, assim resolvida, me dá o que fazer. Eu me movo pq aceito um desafio [e força é isso...'causa capaz de produzir movimento'], o que não quer dizer muita coisa [acerca do tempo ou da felicidade]

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  4. O "reloginho do coração" ajuda-nos a compreender que a felicidade do momento presente consiste em estados diferentes de satisfação com o passado e com o futuro.A partir dessa compreensão, aceitamos o desafio de estarmos em contato com nossa própria força - isto é "estar no presente".

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